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  • Foto do escritorApocalipse - Tua Fé Te Salvará

INFERNO ETERNO OU SEGUNDA MORTE?

Atualizado: 12 de jul. de 2019

Um dos paradigmas que mais tem prejudicado a humanidade e a afastado da compreensão da natureza de Deus, bem como do genuíno amor a Deus, é o conceito do inferno. Muitos rejeitaram a Deus e abraçaram o ateísmo e o agnosticismo por lhes ter sido dito que esse Deus teria criado um inferno eterno para os transgressores da lei divina.


No caso do Alcorão, o inferno é um dos fundamentos da revelação islâmica. Isso é compreensível e se adéqua ao caráter de Alá e Maomé, reforçando ainda mais a noção de que o Alcorão não é revelação divina mas sim expressão humana, e, como referi no capítulo anterior, creio que seja mesmo uma ferramenta dos anjos caídos na conspiração contra Jesus e a causa divina. São poucas as páginas do Alcorão que não fazem menção à condenação ao inferno. Os versículos corânicos ficam repetindo à exaustão como os descrentes estão destinados ao inferno.


Constatamos um fenômeno digno de estudo antropológico e bem revelador da natureza humana, quando observamos qualquer muçulmano ou cristão no momento em que defende o conceito de que os descrentes estão condenados ao inferno de sofrimento eterno. Habitualmente essas declarações são acompanhadas por sorrisos triunfantes, ou pela expressão de uma raiva aparentemente justificada e santificada diante do altar da crença única e verdadeira. Estou usando de ironia, mas a verdade é que são esses alguns dos sentimentos que acompanham as declarações dos crentes indefectíveis no conceito do inferno de sofrimento eterno. Ninguém fala mornamente ou tecnicamente sobre o inferno. Ou falam dele triunfalmente ou arremessando-o com toda a raiva aos desafetos religiosos. Isso revela bem como o conceito de condenação a um inferno de sofrimento eterno é algo puramente do ego humano, algo que satisfaz o desejo humano de vingança e desforra, algo que no âmago revela um complexo de superioridade, seja superioridade religiosa, moral, espiritual ou outra.


Não é preciso ser um gênio da espiritualidade nem santo para perceber que o conceito da condenação a um inferno de sofrimento eterno nada tem a ver com a natureza de Deus ou a lei divina. Seria possível Deus pegar num ser humano que pecou durante umas poucas dezenas de anos de vida e pô-lo a “fritar” no fogo eterno, sentindo a todo segundo de uma eternidade inesgotável as dores inenarráveis do sofrimento físico, psicológico, emocional, espiritual? Qualquer um de nós, pelo menos os adultos, tem uma boa percepção do que é um sofrimento agudo, seja físico ou emocional. Essa dor que você experimenta agudamente por segundos, dias, meses ou anos, você consegue imaginar que o seu Pai divino faria questão de deixá-lo a sentir isso eternamente, dia após dia, segundo após segundo, sem jamais ter um fim? Que grau de patética perversão levaria Deus a uma sentença tamanha? Como seria possível que o nosso Pai Perfeito, o modelo absoluto de toda bondade, compaixão e misericórdia, na hora em que fosse aplicar a sua também perfeita justiça, se comportasse de modo inferior aos mais inferiores entre os mais doentes, perversos e sádicos seres humanos psicopatas?


Algo nessa equação não funciona, não é mesmo?


E se tivéssemos dúvidas, aqui veio Jesus para mostrar como é a natureza de Deus. Quem viu o Filho, viu o Pai. Você sabe de algo que Jesus tenha feito em algum momento que evidenciasse que ele aceitaria que alguém ficasse sofrendo eternamente? Bem o contrário de tudo o que ele mostrou, não é assim?


Claro, tenho bem consciência de que os defensores do conceito da condenação a um inferno de sofrimento eterno se apoiam em diversas passagens bíblicas. Mas, como claramente esse conceito é como um insulto e uma abominação à natureza perfeitamente justa e misericordiosa de Deus, então algo foi mal entendido nas Escrituras.


Só poderia haver duas fontes para a origem desse desentendimento e desvio. Uma delas seria quando o autor de algum texto bíblico acreditasse no conceito de um inferno de sofrimento eterno, o que poderia ter ocorrido quando parcelas das Escrituras fossem registradas se ajustando às crenças pessoais do cronista. A outra, que é a mais essencial causadora desta situação, foi devida a traduções e interpretações inadequadas das Escrituras.


No Antigo Testamento não existia o conceito de um inferno de sofrimento eterno. Havia o “sheol”, que era o lugar para onde iam os mortos, mas onde não se ficava em sofrimento eterno. E a referência que Jesus fez não foi ao inferno eterno, mas sim à “Geena”. A Geena era a lixeira que existia fora de Jerusalém e que ardia ininterruptamente na queima de detritos ali descarregados todos os dias. Também ali eram despejados os cadáveres de criminosos e indigentes, que ficavam ardendo no meio dos detritos. O fogo ali ardia sem parar, e os vermes se alimentado da podridão eram a fauna dominante. Ora, essa representava a condenação mais ignominiosa para um judeu, ter seu cadáver não sepultado era um destino atroz para um povo que acreditava na ideia errônea de que o seu corpo seria ressuscitado fisicamente no fim dos tempos. Jesus referiu a Geena para impressionar as mentes judias dos seus ouvintes com um simbolismo forte, não estava se referindo a algo factual.


Uma passagem de Isaías é reveladora disso:


"Eles sairão e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne."[1]


Essa queima era para os corpos, não as almas. Vejamos o que a Bíblia fala sobre a segunda morte:


Ezequiel 18:4 e 20:

“A alma que pecar, essa morrerá.”


Apocalipse 20:14-15:

"Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo.

E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo."


Apocalipse 21:8

"Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte."


Ou seja, a Bíblia diz que o lago de fogo significa “a segunda morte”.


De fato, o conceito da condenação ao inferno de sofrimento eterno foi uma invenção posterior para usufruto de sacerdotes e pastores numa estratégia de controle psicológico e espiritual dos seus rebanhos de crentes.


O que na verdade acontece aos seres humanos que não queiram prosseguir na carreira da eternidade ou que não tenham se graduado para serem ressuscitados é o que se chama de segunda morte. A Bíblia fala da segunda morte e o Livro de Urântia assegura que essa é a via misericordiosa e justa estipulada na lei divina para libertar o ser humano ou anjo de uma eternidade que ele não deseje. E quando não é uma questão da vontade da criatura, no uso do livre arbítrio que o Criador lhe concedeu, mas sim uma decisão de Deus, então é porque essa criatura atingiu uma iniquidade tão abjeta que apagou, ela mesma, toda a luz e toda a possibilidade de o Espírito de Deus habitar em sua mente e coração. A partir daí é como se a criatura tivesse perdido todo mínimo vínculo com a realidade, e, consequentemente, deixa de existir na realidade criada e sustentada por Deus, é simplesmente obliterada do cosmos e da existência.


Para termos uma ideia de como a criatura vai caindo na irrealidade inerente à prática da iniquidade, veja-se o exemplo de Caligástia, o ex-Príncipe Planetário que conhecemos agora como o diabo:


"Em todo o trabalho administrativo de um universo local, nenhum cargo é de confiança mais sagrada do que a fidelidade esperada de um Príncipe Planetário, que assume a responsabilidade pelo bem-estar e pela orientação dos mortais em evolução, em um mundo recentemente habitado. E, de todas as formas do mal, nenhuma é mais destrutiva para a constituição da personalidade do que a traição da confiança e a deslealdade à confiança dos amigos. Ao cometer deliberadamente esse pecado, Caligástia distorceu tão completamente a sua personalidade que a sua mente nunca mais foi capaz de recuperar plenamente o equilíbrio.

Há muitas maneiras de ver o pecado, mas, do ponto de vista filosófico do universo, o pecado é a atitude de uma personalidade que está conscientemente resistindo a aceitar a realidade cósmica. O erro poderia ser considerado como uma concepção errônea ou uma distorção da realidade. O mal é uma compreensão parcial das realidades do universo, ou um ajustamento defeituoso a elas. O pecado, porém, é uma resistência proposital à realidade divina — uma escolha consciente de opor-se ao progresso espiritual —, ao passo que a iniquidade consiste em um desafio aberto e persistente da realidade reconhecida, e significa um tal grau de desintegração da personalidade que beira a insanidade cósmica.

O erro sugere uma falta de agudez intelectual; o mal, uma deficiência de sabedoria; o pecado, uma pobreza espiritual abjeta; a iniquidade, todavia, indica o desaparecimento do controle da personalidade.

E, quando o pecado, por tantas vezes, é escolhido e tão frequentemente repetido, ele pode tornar-se habitual. Os pecadores habituais podem facilmente tornar-se iníquos, podem tornar-se rebeldes, com todo o seu ser, contra o universo e todas as suas realidades divinas. Ao mesmo tempo em que todas as formas de pecado podem ser perdoadas, duvidamos que o iníquo estabelecido possa jamais sentir um arrependimento sincero pelos seus erros ou aceitar o perdão pelos seus pecados.[2]

Se Caligástia não se arrepender, espera-o não um inferno de sofrimento eterno, mas sim a aniquilação pura e simples da sua existência:

Acreditamos que os rebeldes que algum dia iriam aceitar a misericórdia já o fizeram, todos. Aguardamos pela teletransmissão que, em um clarão de relâmpago, irá privar tais traidores da existência da sua personalidade. Antecipamos que o veredicto de Uversa [N. A.- Capital do Superuniverso de 1 trilhão de mundos], a ser anunciado nessa transmissão, indicará a ordem de execução que irá efetivar a aniquilação desses rebeldes aprisionados. E então vós ireis procurá-los nos lugares deles, mas eles não serão encontrados. “E aqueles que vos conhecem, entre os mundos, espantar-se-ão convosco; pois fostes um terror, mas nunca mais o sereis novamente”. E assim todos esses traidores indignos “serão como se nunca houvessem existido”."[3]


Outra queixa típica de pessoas que acreditam no inferno de sofrimento eterno é esta: então o pecador sai impune dos seus crimes? Em vez de ficar a arder no inferno, como merece, é simplesmente apagado da existência e não fica sofrendo pelo sofrimento que causou a outros? Ele ou ela não são castigados devidamente pela justiça de Deus?


Essas pessoas estão se esquecendo do que Jesus mostrou claramente. A divindade faz tudo para salvar os seus filhos. A divindade não se vinga, perdoa. A divindade é o Pai do filho pródigo, sempre. E se o filho chega num ponto de “insanidade cósmica” em que perde toda capacidade de se reabilitar mentalmente para buscar voluntariamente o abraço do Pai divino, então por que o Pai divino, além do sofrimento de ter perdido um filho, ainda teria que ficar torturando esse mesmo filho, e por uma eternidade inteira? Nem os pais humanos teriam estômago para isso. E queremos que o nosso Pai perfeito, absolutamente justo, ficasse condenado Ele mesmo a torturar eternamente as suas criaturas que Ele tanto ama? Lembre-se: Deus odeia o pecado e ama o pecador. E mesmo que não amasse, como poderíamos imaginar que Deus instituiria uma condição de vingança eterna contra alguém? Que Deus de índole tão cruel e vingativa é esse em que alguns acreditam? Esse deus não é o Deus que Jesus nos revelou.


Uma coisa é certa: no julgamento da alma, Deus usa de perfeita e absoluta equidade, de sublime bondade e misericórdia, bem como de perfeita justiça, e não atua por caprichos arbitrários próprios apenas da emotividade humana.



No Livro de Urântia, os anjos reveladores não apenas nos mostram que não existe inferno de sofrimento eterno, como também nos informam que após a morte seremos ressuscitados como almas em mundos especialmente preparados para esse efeito, através dos quais faremos a longuíssima caminhada até à Ilha do Paraíso, o centro dos universos. Esses mundos são chamados de mundos moronciais, assim como o nosso corpo não será físico mas sim de uma substância sutil, que é um corpo moroncial. O moroncial é um estado intermediário entre o plano material e os níveis puramente espirituais, os quais transcendem o tempo e espaço.


Como explicam os reveladores celestiais:


"Os deuses não podem transformar uma criatura grosseira, de natureza animal, em um espírito perfeccionado por algum ato misterioso de mágica criativa — ou, pelo menos, não o fazem. Quando os Criadores desejam gerar seres perfeitos, eles o fazem por criação direta e original; mas nunca se propõem a converter criaturas materiais, e de origem animal, em seres de perfeição em um único passo.

A vida moroncial, estendendo-se, tal como o faz, aos vários estágios da carreira do universo local, é o único caminho possível por meio do qual os mortais materiais podem alcançar o umbral do mundo espiritual. Que magia poderia ter a morte, a dissolução natural do corpo material, para que um passo tão elementar pudesse, instantaneamente, transformar a mente mortal e material em um espírito imortal e perfeito? A crença disso não é senão uma superstição ignorante envolta por uma fábula agradável.

Essa transição moroncial interpõe-se sempre entre o estado mortal e o status espiritual subsequente dos seres humanos sobreviventes. Esse estado intermediário de progresso no universo é marcadamente diferente em cada uma das várias criações locais, mas, em intento e propósito, são todos bastante similares [...]."[4]


Somente passamos por uma única vida física, a primeira. Depois da ressurreição teremos corpos moronciais, corpos de alma, sutis, não materiais, corpos gloriosos como aquele com que Jesus apareceu aos seus apóstolos e seguidores após a sua ressurreição.


O leitor já se perguntou por que as mulheres que primeiro viram Jesus ressuscitado não o reconheceram senão quando ele falou? E os dois discípulos com quem Jesus seguiu o caminho de Emaús, conversando durante horas, também eles não o reconheceram. É que Jesus estava com uma aparência totalmente diferente. Seu corpo era um corpo que reveste as almas, não era de matéria física.


Nesse plano moroncial, para onde vamos após a morte física, avançaremos sequencialmente por 570 mundos. À medida que progredimos de uma esfera para a outra mais avançada, também os nossos corpos moronciais serão mais sutis. Até que ao final desse estágio estaremos finalmente perfeccionados ao ponto de prescindirmos totalmente de um corpo moroncial. Aí passaremos a ser puro espírito, podendo assim avançar para o Universo Central de Havona, onde peregrinaremos por 1 bilhão de esferas perfeitas, amadurecendo espiritualmente, até podermos, finalmente, entrar na Ilha do Paraíso, o centro dos universos, para o encontro cara a cara com a Pessoa do Pai Universal.


Os primeiros sete mundos moronciais, para onde vamos inicialmente, após a morte, são chamados de Mundos das Mansões. Regra geral, quando tivermos percorrido todos esses primeiros sete mundos, já teremos optado definitivamente pela imortalidade. Antes disso, um ser humano pode decidir não querer continuar rumo ao Paraíso e, assim, desistir da eternidade. Essa é uma prerrogativa que o Pai Universal concede aos seus filhos, pela lei do livre arbítrio.


"Quando morrem, os mortais mais avançados, espiritual e cosmicamente, seguem diretamente para o mundo das mansões [N. A.- Essa é a ressurreição ao terceiro dia após a morte]; em geral, essa disposição funciona para aqueles que já tenham, designados para si, um guardião seráfico pessoal [N. A.- O tradicionalmente chamado Anjo da Guarda]. Os outros mortais podem ser detidos por um tempo tal até que se complete o julgamento dos seus assuntos, após o que eles podem continuar no seu caminho para os mundos das mansões, ou podem ser designados para as fileiras dos sobreviventes adormecidos, que serão repersonalizados em massa, ao final da dispensação planetária corrente."[5]


É aqui que finalmente podemos entender aquela colocação meio desconcertante no Livro do Apocalipse sobre haver a “primeira ressurreição” (que pressupõe outra ressurreição posterior) e haver a “segunda morte”.


4 Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.

5 Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. [...] [N. A.- Esta é a ressurreição milenar, ao fim da dispensação]

6 Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição [N. A.- Esta é a ressurreição ao terceiro dia]; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos.[6]


Os seres humanos que saem da Terra mais avançados espiritualmente são ressuscitados ao terceiro dia, como Jesus foi. Essa é a primeira ressurreição. Os “restantes dos mortos” somente serão despertados ao final de uma dispensação milenar. O Livro de Urântia e a Bíblia revelam que com a ressurreição de Jesus também foi decretado o fim de uma dispensação, e então todos os mortos da era anterior, a qual durou milênios, foram ressuscitados nos mundos das mansões. O mesmo acontecerá neste próximo fim de dispensação. Mas voltarei com mais detalhes sobre isto mais adiante.


Continuemos, por agora, a receber algumas luzes da revelação celestial sobre o caminho eterno, a segunda morte e a inexistência do inferno de sofrimento eterno dos mitos humanos.


"O que provém do Pai é eterno como o Pai, e isso é também certo para a personalidade que Deus dá, por escolha do Seu próprio livre-arbítrio, como é o caso do Ajustador do Pensamento divino [N. A.- O qual habita na mente e coração de cada ser humano], o fragmento real de Deus. A personalidade do homem é eterna, mas, com respeito à identidade, ela é uma realidade eterna condicionada. Tendo surgido em resposta à vontade do Pai, a personalidade atingirá o seu destino até a Deidade, mas o homem deve escolher se ele estará ou não presente à realização desse destino. Na falta de tal escolha, a personalidade alcança a Deidade experiencial diretamente, tornando-se uma parte do Ser Supremo. O ciclo está predeterminado, mas a participação do homem nele é opcional, pessoal e experiencial.

A identidade do mortal é uma condição de vida-tempo transitória no universo; ela é real apenas na medida em que a personalidade escolheu tornar-se um fenômeno de continuidade no universo. A diferença essencial entre o homem e um sistema de energia é esta: o sistema de energia deve continuar, não tem escolha; mas o homem tem tudo a ver com a determinação do seu próprio destino. O Ajustador [N. A.- O fragmento divino que habita na mente e coração de cada ser humano] é verdadeiramente o caminho ao Paraíso, mas o homem deve, por si mesmo, seguir esse caminho, por decisão própria, por escolha do seu livre-arbítrio."[7]


"Conquanto os círculos cósmicos do crescimento da personalidade devam finalmente ser atingidos, caso os acidentes do tempo e os obstáculos da existência material impeçam, não por vossa falta, que alcanceis a mestria sobre esses níveis no vosso planeta nativo, se as vossas intenções e desejos forem de valor para a sobrevivência, emitir-se-á a decretação de uma extensão do período de prova. Ser-vos-á dado um tempo adicional no qual vós vos comprovareis.

Quando houver dúvida quanto à aconselhabilidade do avanço de uma identidade humana até os mundos das mansões, os governos do universo determinam, invariavelmente, de acordo com os interesses pessoais daquele indivíduo, e, sem hesitação, fazem avançar tal alma até um status de transição do ser, enquanto eles continuam com as suas observações do intento moroncial nascente e do propósito espiritual. Desse modo, a justiça divina assegura-se de estar sendo cumprida, e à misericórdia divina é conferida uma oportunidade a mais de estender a sua ministração.

Os governos de Orvônton [N. A.- Sétimo Superuniverso de 1 trilhão de mundos] e Nébadon [N. A.- Nosso Universo Local de 10 milhões de mundos] não proclamam a absoluta perfeição de funcionamento minucioso do plano universal de repersonalização do mortal, mas sustentam, sim, manifestar paciência, tolerância, compreensão e compaixão misericordiosa; e tudo isso eles realmente fazem. Seria preferível assumir o risco de uma rebelião sistêmica [N. A.- Como foi a rebelião desencadeada por Lúcifer] a arcar com o perigo de privar um mortal esforçado, vindo de qualquer mundo evolucionário, de continuar a sua luta até o eterno regozijo de perseguir a carreira ascensional.

Isso não quer absolutamente dizer que os seres humanos hão de desfrutar de uma segunda oportunidade, em face da rejeição da primeira; de fato, não. Significa, porém, que todas as criaturas de vontade devem experienciar uma verdadeira oportunidade de fazer a sua escolha final, que seja autoconsciente e que não deixe dúvidas. Os Juízes soberanos dos universos não prejudicarão nenhum ser com o status de personalidade, que não haja final e plenamente feito a escolha eterna; à alma do homem será dada uma oportunidade ampla e plena de revelar a sua verdadeira intenção e o seu propósito real."[8]


Fica assim patente como, pela porta da morte, o ser humano, se quiser, está apenas começando a sua aventura cósmica rumo à perfeição e glória de Deus, inspirado e residido no coração e mente por uma centelha divina (o chamado Ajustador do Pensamento) desse mesmo Deus invisível, o Pai Criador de todos. Deixo mais uma seleção da revelação celestial, entre as centenas de páginas e informações relativas a este assunto:


O Fenômeno da Morte


"Em geral, os urantianos [N. A.- Os habitantes da Terra] reconhecem apenas uma espécie de morte: a cessação física das energias da vida. No entanto, no que concerne à sobrevivência da personalidade, há realmente três tipos de morte:


1. A morte espiritual (da alma). Se e quando o homem mortal finalmente rejeitar a sobrevivência, quando ele houver sido pronunciado espiritualmente insolvente, moroncialmente em bancarrota, na opinião conjunta do Ajustador [N. A.- O fragmento divino que habita na mente e coração de cada ser humano] e do serafim sobrevivente [N. A.- O tradicionalmente chamado Anjo da Guarda], quando esse conselho coordenado houver sido registrado em Uversa [N. A.- Capital do Superuniverso de Orvônton] e após os Censores e os seus colaboradores reflectivos haverem verificado essas conclusões, então os governantes de Orvônton ordenam a imediata liberação do Monitor residente [N. A.- “Monitor” é outro termo para “Ajustador do Pensamento”, ou Espírito]. Todavia, essa liberação do Ajustador de nenhum modo afeta os deveres do serafim pessoal, ou grupal, ligado àquele indivíduo abandonado pelo Ajustador. Essa espécie de morte é final no seu significado, a despeito de uma temporária continuação das energias de vida dos mecanismos físicos e mentais. Do ponto de vista cósmico, o mortal já está morto; a vida em continuação indica meramente a persistência do impulso material das energias cósmicas.


2. A morte mental (ou intelectual, ou da mente). Quando os circuitos vitais da ministração ajudante mais elevada são interrompidos, por meio de aberrações do intelecto ou por causa de uma destruição parcial do mecanismo do cérebro; e, se essas condições ultrapassarem certo ponto crítico de irreparabilidade, o Ajustador residente é imediatamente liberado para partir para Divínington [N. A.- Mundo dos Ajustadores, é um dos 7 mundos do Pai, que orbitam em torno da Ilha do Paraíso, o centro dos universos].[9] Nos registros do universo, uma personalidade mortal é considerada como tendo encontrado a morte quando os circuitos mentais essenciais da vontade-ação humana tiverem sido destruídos. E, novamente, isso é morte, a despeito da continuação de funções do mecanismo vivo do corpo físico. O corpo, sem a mente volitiva, não mais é humano; no entanto, de acordo com a escolha anterior dessa vontade humana, a alma de tal indivíduo pode sobreviver.


3. A morte física (do corpo e da mente). Quando a morte colhe um ser humano, o Ajustador permanece na cidadela da mente até que cesse a sua função como mecanismo inteligente; mais ou menos no momento em que as energias mensuráveis do cérebro cessam as suas pulsações vitais rítmicas. Em seguida a essa dissolução, o Ajustador deixa a mente em desvanecimento, de um modo tão pouco cerimonioso quanto, anos antes, dera entrada nela; seguindo logo para Divínington passando por Uversa.

Após a morte, o corpo material retorna ao mundo elementar do qual ele proveio, mas perduram dois fatores não-materiais da personalidade sobrevivente: o Ajustador do Pensamento preexistente, levando consigo a transcrição da memória da carreira mortal, e que se dirige para Divínington; e, perdura também, sob a custódia do guardião do destino, a alma imortal moroncial do humano falecido. Esses componentes, fases e formas da alma, esses que foram fórmulas cinéticas e que agora são fórmulas estáticas da identidade, são essenciais à repersonalização nos mundos moronciais. E é a reunião do Ajustador e da alma o que reconstitui a personalidade sobrevivente; e que vos reconscientiza no momento do despertar moroncial [N. A.- O momento da ressurreição]."[10]


Que viagem magnífica nos espera, em vez da ingênua e pueril perspectiva de cair num inferno de um deus sádico ou ascendermos a um céu de prazeres e ociosidade feitos à medida dos desejos egocêntricos humanos! Em vez disso ascenderemos para a crescente revelação do Pai Universal, do Filho Eterno e do Espírito Infinito caminhando e evoluindo lado a lado com humanos e anjos, em sociedades perfeccionadas onde impera o trinômio do constante e balanceado trabalho, estudo e diversão útil. Não há ócio vazio na eternidade. O Pai Universal não para, e os filhos devem imitar o Pai. “Sede perfeitos como o Pai é perfeito” é o comando universal.


"Verdade, sim, é que vós mortais sois de origem terrena animal; a vossa estrutura é realmente o pó. Contudo, se realmente desejardes e se o quiserdes realmente, certamente a herança das idades será vossa e ireis, algum dia, servir aos universos no vosso verdadeiro caráter — de filhos do Deus Supremo da experiência: filhos divinos do Pai no Paraíso, Pai de todas as personalidades."[11]




[1] Isaías 66:24.


[2] O Livro de Urântia, “A traição de Caligástia”, 67:1.3-6.


[3] O Livro de Urântia, “O status atual da Rebelião”, 53:9.7.


[4] O Livro de Urântia, “A Vida Moroncial”, 48:0.1-3.


[5] O Livro de Urântia, “A sobrevivência do eu humano”, 112:5.10.


[6] Apocalipse 20:4-6.


[7] O Livro de Urântia, “A sobrevivência do eu humano”, 112:5.2-3.


[8] O Livro de Urântia, “A sobrevivência do eu humano”, 112:5.6-9.


[9] “DIVÍNINGTON. Este mundo é, em um sentido único, o “seio do Pai”, a esfera de comunhão pessoal do Pai Universal, e nele existe uma manifestação especial da Sua divindade. Divínington é o ponto de reunião dos Ajustadores do Pensamento no Paraíso, mas é também o lar de inúmeras outras entidades, personalidades e outros seres que têm origem no Pai Universal. Muitas personalidades, além do Filho Eterno, têm origem direta em atos solitários do Pai Universal. E tão somente os fragmentos do Pai, as personalidades e outros seres de origem direta e exclusiva no Pai Universal confraternizam-se e funcionam nesta morada.” In: O Livro de Urântia, “Os Sete Mundos Sagrados do Pai”, 13:1.4.


[10] O Livro de Urântia, “O fenômeno da morte”, 112:3.1-5.


[11] O Livro de Urântia, “A fusão com o Ajustador”, 112:7.20.




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